SAÚDE TOTAL
Conversas psicanalíticas com o Dr. Eduardo Baunilha
Por que não desgrudamos do celular?
Ultimamente
o celular tem se tornado o centro das atenções. Não apenas por causa das
ligações e mensagens que recebemos, mas por causa do controle que acreditamos
precisar ter com relação às redes sociais.
Nos anos
50 do século XX, o psicólogo Colin Cherry, já insistia que a relevância é que
chama atenção e assim se torna prioridade.
Por
exemplo: você pode estar em um lugar com muita movimentação e barulho e mesmo
assim conseguir ouvir o seu nome. Isso acontece porque mesmo que o sistema de
processamento do cérebro receba a informação enfraquecida, no nível
inconsciente, certas particularidades, como nosso nome, pode capturar nossa
atenção.
Segundo
Sarah Tomley “durante o processamento de dados, nossa atenção – em um dado
momento – realça determinada informação (a “vencedora”) e inibe as demais (as
“perdedoras”) (TOMLEY, 2020, p. 55)”. Por isso que se estivermos em um shopping
procurando um amigo que esteja usando uma calça verde, todas as outras cores
serão ignoradas.
E
onde o celular entra nesta história?
Querendo
ou não, o celular reúne muitos elementos interessantes em um só lugar. Nele,
temos a diversão viciante que secreta substância químicas no cérebro. Também
tem o estímulo exógeno (externo) que nos avisa quando chega uma mensagem ou uma
foto.
Tais
estímulos vêm acompanhados de outro chamado endógeno (interno), ou seja,
rapidamente começamos a pensar: de quem é esta mensagem ou foto? O que a pessoa
quer dizer? Alguém curtiu alguma postagem minha?
Recebendo-os,
você ativa no seu cérebro uma parte chamada novidade e você ganha uma
recompensa em forma de opioides, que trazem uma recompensa instantânea
responsável também por dificultar a concentração.
Isso
acontece porque você fica tentado a responder o que lhe foi enviado.
Respondendo você recebe uma dose de dopamina – hormônio que nos traz alegria,
bem-estar e otimismo – que é a principal substância da recompensa, por ter
cumprido a tarefa e, se sente socialmente conectado a outras pessoas. Por causa
desta sensação, não é novidade dizer que esta ação se torna um círculo vicioso.
Algo também perigoso.
Em
2016, o governo de Nova Gales do Sul, na Austrália, anunciou que instalaria
sinais de trânsito no chão, porque o uso dos celulares estava tão viciante e
dispersante que, mesmo em ruas movimentadas, com zunidos de carros e buzinas de
caminhões, além das enormes placas na calçada, não estavam sendo capazes de
capturar a atenção dos pedestres grudados no aparelho.
Que
sejamos prudentes. Um grande abraço para você!
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