A imposição de tarifas ou barreiras comerciais pelos Estados Unidos aos
produtos do setor primário brasileiro, embora hipotética, levantaria sérios
desafios para a economia nacional. Ao encarecer produtos como soja, carne
bovina, café, celulose e minério de ferro no mercado americano, a taxação
reduziria significativamente a competitividade brasileira, acarretando um
efeito dominó em toda a cadeia produtiva. Temos inúmeros profissionais Técnicos
Agrícolas juntamente com demais profissionais atuando nestas cadeias
produtivas, gerando resultados econômicos e sociais no nosso estado do RS.
Primeiramente, a redução das exportações para os EUA,
importante parceiro comercial, resultaria em queda nas receitas das empresas
exportadoras. Para tentar manter a competitividade, produtores poderiam ser
obrigados a reduzir preços, pressionando ainda mais as margens de lucro. A
diminuição das exportações desencadearia menor demanda interna por insumos,
máquinas e transporte, impactando diversos elos ligados ao agronegócio e à
mineração.
A rentabilidade reduzida afastaria investimentos em
tecnologia e expansão, freando o avanço produtivo nacional. Buscando reagir, o
Brasil teria que acelerar a diversificação de destinos de exportação – processo
complexo e que pode intensificar a competição em outros mercados, pressionando
preços globais.
No âmbito macroeconômico, a queda nas exportações afetaria
a balança comercial e, consequentemente, a estabilidade do real frente ao
dólar. Como o setor primário representa parcela relevante do PIB, o recuo da
atividade teria efeito cascata na indústria, nos serviços e até na geração de
empregos, reduzindo também a arrecadação fiscal dos governos federal e
estaduais.
No plano social, o impacto sobre empregos e renda seria
grave. Empresas e propriedades rurais poderiam fechar as portas devido à perda
de rentabilidade, resultando em demissões em massa e diminuição do poder de
compra das famílias. Estado como o Rio Grande do Sul, já fragilizados por
eventos climáticos nos últimos anos, estariam entre os mais atingidos.
A redução das oportunidades no campo intensificaria o êxodo
rural em direção às cidades, agravando problemas urbanos de infraestrutura e
pressionando ainda mais os programas sociais. O aprofundamento das
desigualdades regionais e sociais, especialmente entre áreas fortemente
dependentes das exportações primárias, aumentaria a pobreza, gerando
instabilidade social.
Ainda que seja um cenário hipotético, a taxação
norte-americana sobre o setor primário brasileiro exigiria do país uma
reestruturação urgente da política comercial e estratégias de diversificação.
Os efeitos ultrapassariam o campo econômico, repercutindo profundamente,
exigindo respostas rápidas para sustentar emprego, renda e desenvolvimento
regional. A mitigação dos impactos dependeria de políticas públicas eficazes,
fortalecimento do mercado interno e abertura a novos parceiros comerciais.
Carlos Alberto Turra
Técnico Agrícola e Presidente do SINTARGS/RS
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